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Legislações sobre Emergências em Saúde Pública

O conjunto de legislações analisadas demonstra como diferentes países estruturam suas respostas legais a emergências em saúde pública e desastres relacionados, com foco na prevenção, vigilância, controle de doenças e gestão de crises. Apesar das particularidades nacionais, há convergência em princípios como vigilância ativa, atuação coordenada de múltiplos níveis de governo, medidas proporcionais e garantias mínimas de direitos fundamentais.

 

A Alemanha dispõe de um sistema robusto e detalhado, com definições precisas sobre patógenos, pessoas doentes e suspeitas, e pragas sanitárias. A vigilância é liderada pelo Instituto Robert Koch (RKI), que centraliza a coleta e análise de dados epidemiológicos. A legislação prevê notificações obrigatórias, amostragens ambientais, controle de pragas, exigência de comprovante vacinal, e medidas específicas para instituições como hospitais, escolas e unidades comunitárias. A resposta a epidemias pode incluir restrições profissionais e exigências para entrada no país, mantendo o equilíbrio entre proteção coletiva e direitos individuais.

 

Espanha, pela Lei Geral de Saúde Pública (2011), adota uma vigilância abrangente que inclui fatores ambientais, riscos alimentares, doenças transmissíveis e mobilidade internacional. O sistema integra dados de diferentes esferas administrativas, com mecanismos de resposta rápida e análise de risco. A legislação permite a adoção de medidas excepcionais (isolamento, vacinação obrigatória, confisco de bens), desde que justificadas cientificamente, com audiência prévia quando possível e respeito à proporcionalidade. Sanções são aplicadas com base na gravidade e risco das infrações.

 

Portugal organiza sua vigilância via SINAVE e define emergência de saúde pública como qualquer risco com potencial de disseminação e impacto significativo. A Autoridade de Saúde Nacional coordena ações com autoridades regionais e locais, podendo determinar ações como isolamento, mobilização de equipes e análises laboratoriais. Em casos extremos, a Lei n.º 44/86 permite a declaração de estado de emergência ou de sítio, preservando direitos fundamentais como vida e integridade física, com previsão de medidas restritivas e controle judicial. Infrações graves, como omissão de notificação, estão sujeitas a sanções severas.

 

A Coreia do Sul, por sua legislação de 2023, criou um regime especial para o desenvolvimento e aprovação emergencial de produtos médicos durante crises sanitárias, incluindo pandemias e bioterrorismo. A lei contempla procedimentos acelerados, compensações por efeitos adversos e um sistema regulatório para garantir resposta ágil e segura.

 

Nos Estados Unidos, diversas legislações complementares estruturam a resposta federal: a Lei de Biossegurança de 2002 regula agentes patogênicos perigosos; a Lei Stafford define o apoio federal a desastres e emergências; e a Lei de 2018 fortalece o estoque estratégico nacional e a inovação em contramedidas médicas. A resposta é baseada em articulação multiescalar e uso coordenado de recursos públicos e privados.

 

Austrália e Canadá também apresentam marcos legais amplos.  A Austrália regula a biossegurança com foco em controle de entrada de mercadorias e resposta a incidentes. O Canadá, por sua Lei de Quarentena, exige medidas sanitárias rigorosas nos pontos de entrada e outorga poderes de inspeção e detenção a autoridades especializadas.

 

Em síntese, as legislações compartilham o objetivo de proteger a saúde pública frente a ameaças emergentes por meio de arcabouços legais claros, com base em evidências, proteção proporcional de direitos e coordenação entre entes governamentais.

Coreia do Sul - Lei especial para promoção do desenvolvimento e fornecimento emergente de produtos médicos em resposta à crise de saúde pública

A legislação sul-coreana estabelece um regime especial para acelerar o desenvolvimento e fornecimento de produtos médicos em crises de saúde pública, como pandemias ou ameaças químicas, biológicas e radiológicas. Define responsabilidades do Estado, permite aprovações emergenciais e garante controle de segurança e compensação por efeitos adversos.

Alemanha – Lei de Prevenção e Controle de Doenças Infecciosas em Humanos

A legislação alemã sobre controle de doenças infecciosas regula vigilância, notificação obrigatória de casos, normas de higiene e resposta a epidemias como COVID-19. Autoriza restrições e exigência de comprovantes de vacinação/teste, prevê compensações por medidas preventivas e estabelece sanções para descumprimento das normas.

Estados Unidos – a Lei de Preparação para Pandemias e Todos os Riscos e Avanço da Inovação de 2018

A Lei de Preparação para Pandemias e Todos os Riscos de 2018 fortalece a capacidade dos EUA para responder a emergências de saúde pública. Foca no estoque estratégico nacional, coordenação interagências, inovação em contramedidas médicas e regulação de medicamentos OTC, promovendo resposta rápida e eficaz a ameaças diversas.

Austrália – Lei de Biossegurança 2015

A Lei de Biossegurança da Austrália (2015) define regras para prevenir riscos à saúde, meio ambiente e economia. Regula mercadorias, veículos e emergências, concede poderes a agentes de biossegurança e impõe obrigações à indústria. Visa resposta eficaz a ameaças biológicas por meio de controle rigoroso e cooperação institucional.

Espanha - Lei Geral de Saúde Pública

A Ley 33/2011 da Espanha estabelece diretrizes para promover, proteger e prevenir riscos à saúde da população. Define direitos dos cidadãos, deveres das administrações públicas e ações como vigilância, promoção e pesquisa em saúde pública, reforçando a coordenação interadministrativa e prevendo sanções por infrações.

Nova Zelândia - Epidemic Preparedness Act 2006

A Lei de Preparação para Epidemias da Nova Zelândia (2006) permite a declaração de aviso de epidemia para facilitar ações rápidas durante surtos graves. Autoriza ajustes legais temporários, inclusive judiciais, para garantir a continuidade de serviços essenciais, com supervisão parlamentar para assegurar a legalidade das medidas adotadas.

Canadá – Lei de Quarentena (2005)

A Lei de Quarentena do Canadá (2005), com consolidação até 2025, visa prevenir a entrada e disseminação de doenças transmissíveis. Regula obrigações de viajantes e operadores, confere poderes a autoridades para inspeção, avaliação e detenção, e estabelece medidas sanitárias rigorosas em fronteiras, incluindo controle de restos mortais e divulgação de informações.

Estados Unidos - Lei Robert T. Stafford de Assistência a Desastres e Emergências

A Lei Robert T. Stafford regula a assistência federal a desastres nos EUA, definindo “emergência” e “grande desastre” e estabelecendo apoio técnico, logístico e financeiro. Promove ações coordenadas com governos locais, prioriza mitigação e resiliência, e organiza o uso de recursos públicos e privados para resposta e recuperação eficazes.

Portugal - o estado de sítio e o estado de emergência

Em Portugal, os estados de exceção (sítio e emergência) são regulados pela Lei n.º 44/86, exigindo proporcionalidade e respeito a direitos fundamentais. A Lei n.º 81/2009 institui a Comissão Coordenadora de Emergência para coordenar respostas rápidas e integradas a ameaças graves à saúde pública, com atuação interinstitucional.

Brasil - História - Defesa e Proteção da Saúde (Não está vigente)

A Lei nº 2.312/1954 do Brasil estabelece normas gerais para a defesa da saúde, reconhecendo o dever compartilhado entre Estado e família. Define responsabilidades da União, como vigilância de epidemias, cooperação internacional, assistência médico-sanitária, formação de pessoal técnico, fiscalização profissional e valorização do saneamento básico como eixo da saúde pública.

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